A eleição de Trump e a nova ordem mundial

Estamos numa fase política e social de derrubada de mitos.

A Ucrânia tem sido cenário de um conflito entre as forças armadas ucranianas e as forças separatistas pró-russas. Putin, que já gosta de uma treta, ainda botou mais fogo nos separatistas, dizendo que a Criméia é um território historicamente russo, mas que foi equivocadamente anexado à Ucrânia na dissolução da URSS. A invasão russa já vai completar dois anos e as autoridades ucranianas já alertaram que há rumores sobre uma invasão russa em larga escala: Ou seja, você anexa uma Criméia aqui, uma outra península acolá, um territoriozinho ali no canto… Parece familiar? Lembra da Tchecoslováquia tomada pela Alemanha nazista? Pois é.

Aí vem o caso da Turquia. A Turquia tinha um presidente que, como tantos outros, eliminada a oposição com expurgos e sumiços injustificados. Eis que as Forças Armadas planejam um golpe, para tirar o Presidente e assumir o poder. O que o Presidente faz? Convoca a população a lutar contra o golpe. E o que a população faz? Apóia o Presidente e promove uma resistência ao golpe das Forças Armadas. O golpe, claro, foi por água abaixo, o Presidente saiu mais forte e a situação foi daí pra pior: As Forças Armadas, a imprensa e os oposicionistas civis foram duramente esmagados. Assustadoramente, a população, majoritariamente islâmica, é favorável ao Presidente, que tem sobrepujado a lei de Alá à lei dos homens. É uma ditadura com apoio popular, vejam só. E cai o segundo mito: O mito da democracia européia. Enquanto os olhos do resto do mundo continuarem fechados, justificados pelo “apoio popular”, o Presidente vai continuar a reprimir duramente opositores, imprensa, militares e quem mais vier pela frente.

Vamos ao Brexit. Essa não precisa explicar muito, né? Esse sentimento ultranacionalista que tomou de assalto o Reino Unido e nos surpreendeu com sua saída do bloco da União Européia. A grande justificativa, além da questão econômica (o Reino Unido jamais adotou o euro como moeda, por exemplo), foi baseada na questão imigratória, principalmente no controle das fronteiras (olha o ultranacionalismo!). E caiu por terra o terceiro mito: O da indissolubilidade da União Européia e da abertura de fronteiras à comunidade daquele continente.

Eis que, numa junção de todos esses mitos, Trump acaba de ser eleito Presidentes dos Estados Unidos. Os Estados Unidos estão tomados por um espírito conservador e ultranacionalista que vem trazido pela Europa. Deve ser destacado que, com a eleição de Trump, os Estados Unidos se posicionam a favor da globalização (que é a integração COMERCIAL de cidadãos de diferentes países) e contra o globalismo (que é a integração SOCIAL de cidadãos de diferentes países). O fato é que, de repente, os americanos passaram a acreditar que “ser americano” é ser depositário de um legado civilizacional moldado ao longo de séculos. Acreditam que a união entre povos deve ser espontânea e não obrigatória diante de uma ordem mundial favorável à imigrações, sejam elas de que tipo forem. Os americanos deixaram de vestir a capa da tolerância (que, na verdade, nunca foi o forte deles) e passaram a criticar abertamente esse “universalismo cultural”. A eleição de Trump faz cair um novo mito: Aquela história de que os Estados Unidos são uma nação multicultural, sempre aberta às novas microsociedades, cada qual com suas características, seu idioma, suas regras, suas crenças.

A vitória de Trump escancara esse sentimento ultranacionalista: Você pode ser bem vindo, desde que se adapte à MINHA cultura, ao MEU idioma, à MINHA lei, às MINHAS crenças. E essa eleição, aliada às questões européias (sem esquecer a provável ascensão de Le Pen ao poder na França), está formando uma nova mentalidade nos países de primeiro mundo. A vitória de Trump coloca em questão a ordem mundial vigente e também o papel dos Estados Unidos no mundo. O que isso significa, parceiro, ainda é impossível prever. Aguardemos os próximos capítulos

Freixo é seu maior adversário

A grande diferença entre a campanha política dos Marcelos (o Crivella e o Freixo) é, basicamente, o amadorismo. Já falei algumas vezes que o que menos suporto é político amador. Aquele que tem uma ideologia com zero funcionalidade prática e cai de pára-quedas na política, sem aprender a jogar o jogo. Política não se sustenta com ideologia. Pra ser político, é necessária aquela malícia (não o mau-caratismo, veja bem: a malícia) meio Frank Underwood.

 

E o Freixo está perdendo essa eleição não para o Crivella. O eleitor do Crivella está votando nele por dois motivos:  (1) por doutrinação religiosa e/ou (2) pra fugir da ideologia extrema esquerda do Freixo. O Freixo está perdendo essa eleição para seu próprio amadorismo.

 

Desde o início, a campanha do Crivella foi baseada em desmistificar o personagem “bispo da Universal, sobrinho de Edir Macedo”. Ainda que o discurso não cole para grande parte da população (a imaturidade política do povo ainda tem salvação, afinal), ‘desde os tempos mais primórdios’ o Crivella tá aí tentando cativar -ou, ao menos, dialogar- com quem não é fiel da Igreja Universal. Com quem é contra o que sua imagem representa. O discurso do Crivella -vejam vocês!- é agregador e tolerante. Crivella não mudou. É o mesmo Crivella de outras eleições. Mas está jogando, sem amadorismo, com a malícia underwoodiana.

 

Freixo, por sua vez, não captou essa estratégia. No primeiro turno, seu discurso foi exclusivamente voltado à idéia do ‘voto útil’: Se todos eleitores contra o Pedro Paulo se unissem num movimento pró-Freixo, poderiam tirar aquele do segundo turno. Freixo conseguiu passar para o segundo turno graças à rejeição da população ao Pedro Paulo e não aos seus projetos. Até aí, ótimo. Capitão Nascimento ficaria orgulhoso do ‘conceito de estratégia’ adotado por Freixo pra passar pro segundo turno. O problema é exatamente ter passado pro segundo turno.

 

No segundo turno, meu amigo, o discurso de rejeição não adianta. Não adianta dizer “vota em mim, porque se eu não  for eleito, será o Crivella”. Todo mundo sabe. Não existe ‘voto útil’ no segundo turno: Seu voto não vai ‘eliminar’ um candidato. Vai eleger outro. E aí mora toda diferença.

 

Esse era o momento do Freixo fazer jus a quem votou nele por rejeição aos demais cadidatos e DIALOGAR. Dialogar com o libertário que é contra a criação de empresas estatais. Dialogar com a direita que é contra o aumento do IPTU da classe média. Dialogar com a moça que já foi assaltada quatro vezes no Centro da Cidade e que quer mais é que toda aquela pivetada seja exterminada, pouco ligando pra política de direitos humanos.

 

Os projetos defendidos por Freixo são conhecidos e ratificados pela extrema esquerda. O que ele precisa fazer é convencer quem tá em cima do muro. Mas, ao contrário, ele não entra no mérito de explicar porquê a intervenção estatal é mais vantajosa que a liberdade individual, porquê a classe média deve pagar mais impostos ou porquê eu tenho que me preocupar com direitos humanos da pivetada que assalta 30 pessoas por dia no Centro. Ele diz “se não for eu, será Crivella”. Não é suficiente.

 

Segundo a primeira pesquisa desse segundo turno, tem mais votos brancos/nulos/indecisos  (28%) do que votos no Freixo (27%). O sinal de alerta foi ligado: Ao contrário do primeiro turno, esse discurso do ‘menos pior’ tá atingindo menos a massa mais esclarecida da população  (ufa!). Esses 28% representam a galera que sabe que ‘voto útil’ no segundo turno é, na verdade, um voto em propostas com as quais essa mesma galera não concorda. Ao invés de tentar esclarecer o fundamento de suas propostas -e não apenas apresentá-las-, Freixo prefere bater na tecla do “Crivella é pior”. Enquanto isso, Crivella fala diretamente com o cara que discorda dele, das propostas dele e do que ele representa.

 

Nesse jogo, você só deixa de ser amador quando enfrenta resistências e faz sacrifícios, sem perder a coerência da sua ideologia central. Exatamente o que Freixo não faz, mantendo seu extremismo de esquerda. É por isso que, em uma semana, Freixo caiu 10 pontos percentuais na intenção de voto em face de Crivella. Freixo apresenta a inflexibilidade da extrema esquerda. E política inflexível e extremista assusta. Coisa que (olha só!) justamente o Crivella se preocupou em afastar (não que eu acredite, mas aí é apenas minha opinião).

 

Flexibilidade. Concessão com coerência. E diálogo. Isso é  crucial pra sair do amadorismo.

Tirando a poeira dos móveis 

Por que?

Eu preciso escrever. Sempre precisei. Escrever é tão fundamental quanto, sei lá, beber água. Acho que se eu não escrever, diariamente, eu piro.
Eu me expresso infinitamente melhor com palavras escritas do que faladas. Desde bem novinha, vivia escrevendo cartas para amigos. Até hoje, no universo digital, eu escrevo cartas à mão  (e com canetinhas coloridas, bem adolescente).
Então, vou tirar a poeira dos móveis, rearrumar essa budega e botar pra funcionar.
Aguardem.

Manifesto contra o Politicamente Correto

Em 25/11/1996, um menininho de 6 anos foi suspenso de sua escola, na Carolina do Norte – EUA, porque dera um beijo no rosto de uma colega de classe. Não fazia o menor sentido, claro. Mas o ocorrido em 1996 nada mais era do que fruto do que vinha acontecendo à sociedade desde os anos 60.

Os estudantes contestadores, vestidos de cultura hippie, inventaram a contra cultura, uma fantasia de conto de fadas marxista: Se as relações de dominação estavam por todo lado, era necessário combatê-las no trabalho, na rua, na escola, na cama. Passaram as “minorias” a travar uma luta sob um guarda-chuva comum: O dos “diferenciados”.

Essa micropolítica de direitos diferenciados foi devastada pelos liberais dos anos 80, por Reagan e por Thatcher. Em termos de legislação e administração pública, os direitos diferenciados para as minorias foram cassados. O direito seria único para cada membro da sociedade.

O ressentimento dos “diferenciados” despertou instintos de defesa. Daí, no ambiente universitário dos anos 80, surgiu a idéia de denunciar pequenas opressões cotidianas. Acontece que a espada que feria o conservadorismo era a mesma empunhada nas brigas pela coordenação de um departamento nas universidades.

O politicamente correto, então, foi, desde o início, apenas pano de fundo para briga de egos e liderança. E nada mudou desde então.

O que aconteceu com o garotinho nada mais é do que a mesma mentalidade de uns professores universitários empenhados em reescrever a Bíblia para chamar Deus de “He/She”, pois a virilidade de Deus é apenas uma forma do macho branco solapar a autoestima da mulher. Nos anos 80, foi incluído no guia de ensino das escolas secundárias de Portand um ensaio que dizia que os antigos povos egípcios eram negros e moviam os blocos das pirâmides com a força do pensamento. Ensinava ainda que toda civilização da Terra fora emanada desses negros. Faltava-lhe verdade, mas sobrava ingrediente para elevar a moral afro americana.

O maior dos problemas da cultura politicamente correta é o desprezo pelos fatos. Estamos em plena cultura do primado da suscetibilidade sobre a razão, do oráculo da vitimização. Daí a história do menininho beijoqueiro: Não importa que não exista a intenção do abuso, basta a vítima entender como abuso que assim o será. A feminista Andrea Dworkin declarou que toda relação sexual é um estupro e a mulher não se dá conta porque está imbuída no papel que lhe fora determinado desde sempre.

O Politicamente Correto adora uma censura. A piada não pode mais falar de negros, anões, carecas, mulheres, judeus. Existe uma tentativa de reinventar o mundo a partir de seu reflexo linguístico. O sonho do Politicamente Correto é a criação de uma realidade paralela.

Minha esperança é que, aliando o politicamente correto ao bom senso, ainda seja possível extrair algo produtivo dessa loucura coletiva.

A arte de fazer o povo de idiota

Depois de utilizar-se do horário de pronunciamento presidencial para fazer campanha política (o que ainda sequer é permitido aos pré-candidatos, frise-se), tendo inclusive sendo criticada por tal atitude por sites estrangeiros como BBC e Financial Times, a presidente Dilma apronta mais essa.

Publicou recentemente em redes sociais um post comemorativo. Diz que o povo deve festejar, pois já somos a sétima economia do mundo. O que ela convenientemente esqueceu de dizer é que, quando seu prestigioso partido assumiu o poder, éramos a SEXTA economia do mundo. Caímos de colocação durante esse governo e as expectativas dos analistas políticos não são animadoras para o futuro

Mas ela faz isso simplesmente porque “o povo esquece”. Os mensaleiros estão cumprindo pena dentro do conforto de suas residências, o Bolsa Família vai ter um aumento de 10% (caso passasse por uma revisão em sua concessão, poderia ser retirado de famílias que o utilizam para comprar calças jeans de 300 reais e redistribuído -o que, pra mim, não é o ideal, mas evitaria que o aumento saísse de nossos bolsos através do aumento de impostos), batemos palmas para o Marco Civil, que deu poderes para o governo regular o conteúdo da rede e agora comemoramos ser a sétima economia do mundo, quando, antes do início deste governo, éramos a sexta. Disse ainda que o PIB, em 2005, era menor do que é hoje, o que também seria motivo de comemoração. Mas peraí! 2005…? Então o PIB era menor durante o governo Lula. Durante o governo PT. Really?

Quem fica com a maior parcela de culpa nesse engodo ridículo: O povo que é alienado ou o governo que o faz de idiota?

Francamente.

O Esquenta e o sensacionalismo

O programa “Esquenta” desse domingo, apresentado pela Regina Casé, foi em homenagem ao dançarino DG, morto na semana passada. Eu não vi o programa, mas assisti uma chamada em que Regina Casé dizia que o programa seria em homenagem a um jovem “brutalmente torturado e assassinado pela polícia”. Vi também artistas chorando a morte do dançarino e uma mãe que tá louca pra fazer do filho morto the new Amarildo. Ou seja, vi o suficiente para ter uma noção do que foi o programa inteiro.

Só pra começar: Um dia, fui num baile funk (sim, me julguem) onde os MCs Cidinho e Doca -os mesmos que cantaram o Rap da Felicidade no programa (“eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci”)- cantaram um proibidão que dizia que “pra entrar lá na de Deus até a BOPE treme, não tem mole pra Civil, nem pro exército, nem pra PM“. Ou seja, é debaixo de fuzil de traficante que eles querem andar tranquilamente na favela onde nasceram. Bonito isso, deixa eu anotar aqui.

Minha mãe sempre me disse: “Quem anda com porcos, farelo come“. O conhecido ditado não é “Diga-me com quem andas que eu não te julgarei pelas tuas companhias“. Eu sou mais adepta da teoria do Capitão Nascimento: Se você tá no bolo, é sementinha do mal. Se você é usuário de drogas, você financia o moleque do tráfico, com 12 anos e fuzil na mão. Essa é a minha opinião.

“Mas o rapaz era trabalhador“, diz a esquerda caviar, como se isso o eximisse do grave fato de frequentar churrasco na laje de traficante. Você sabe quantos policiais morreram ao subir favelas, de janeiro até março desse ano? 400 policiais. Deixa só te explicar: QUATROCENTOS pais e mães de família que saíram de casa pra TRABALHAR e não voltaram pra casa. Essa estatística, ninguém sabe, né?

Pois é exatamente esse o problema: A tendência do brasileiro a fechar os olhos para evidências. Não é à toa que temos tanto político corrupto sendo beneficiado pela Lei (que, inclusive, é alterada exclusivamente para beneficiá-los). Não é à toa que a viúva do Amarildo xingava os policiais que haviam detido seu filho após uma agressão, dizendo “vocês sabem quem ele é?  Ele é filho do Amarildo! Não se metam com a família do Amarildo! “. Fechar os olhos é mais fácil do que debater a realidade. E a realidade, meu amigo, é que estar envolvido com a criminalidade virou status. A “classe oprimida”, ainda que envolvida com criminosos, tornou-se intocável aos olhos da esquerda caviar.

A realidade é que a mãe do rapaz, que até onde eu sei não é perita em criminalística, anda aos berros, incitando a população a se revoltar contra a morte do rapaz, que, segundo ela, teria sido torturado antes de ser executado. Minha mãe dizia para eu escolher bem minhas companhias. A mãe do rapaz fechou os olhos para a postagem de seu filho no Facebook, que dizia “PPG tá de luto e os amigos,  cheios de ódio na veia. Mais tarde,  o bico vai fazer barulho.  #saudadeseternas Cachorrão“. Belas companhias.

Tradução:

– PPG é a comunidade Pavão, Pavãozinho e Galo.

– “Bico” é fuzil de uso restrito das forças armadas, de grosso calibre e altíssima letalidade, como COLT AR 15, M-16, AK-47, G3 e outros.

– “Os amigos” dele são os integrantes das quadrilhas que traficam drogas, cometem homicídios, sequestros, roubos e outros crimes.

O cara levou um tiro escalando um muro. UM MURO DE 10 METROS. Novamente, a população prefere fechar os olhos e acreditar que ele tava fugindo de um tiroteio. Aham. Porque se está rolando um tiroteio, ao invés de me proteger pedindo pra entrar numa casa ou pulando um muro baixo de um terreno qualquer, eu vou logicamente escalar uma porcaria de um muro de 10 metros, correndo o risco de me estabacar quando descer. Essa é realmente a coisa mais sensata a se fazer.

Ninguém resolve praticar escalada outdoor sem proteção no meio de um tiroteio. Como diz mais um ditado (sim, eu adoro a sabedoria dos ditados populares), “quem não deve, não teme“. O cara tava em fuga. Isso é cristalino, até pela trajetória do projétil: Os laudos constataram que o tiro foi efetuado à distância (ou seja, não foi execução em hipótese alguma), com entrada pela lombar e saída pelo ombro, ou seja, de baixo para cima (tipicamente de alguém que estava em altura muito superior a quem efetuou o disparo, afinal, se estivessem perto, seria mais fácil puxá-lo de volta ao chão).

Não precisamos ser peritos para imaginar a história mais plausível: O cara que tem “saudades eternas” de traficante se mete numa em fuga no meio da favela, onde participava de um churrasco de um traficante. Polícia vê, pede pra parar de fugir (‘pára porra, pára!’) e o cara, sabiamente, resolve fazer o Homem Aranha num muro de 10 metros. A polícia, lá debaixo -e à distância-, atira. O rapaz cai do outro lado, se quebra todo e passa dessa pra uma melhor. Fim.

Com base em informações sobre os ferimentos encontrados no corpo do bailarino, especialistas em medicina legal acreditam que o rapaz estava fugindo. Descartaram a hipótese de tortura, uma vez que as lesões encontradas são compatíveis com a queda de um muro de 10 metros e não com lesões provocadas por terceiros.

Lembra daquela cena do filme “Tropa de Elite” em que o pessoal fazia protesto pela morte do playboy que fora assassinado por traficantes na favela? Na cena, o policial Matias se revolta, diz que foram os próprios manifestantes que mataram o playboy, porque eles financiam as armas e os crimes do tráfico. Lembra? Pois é. O povo aplaude no cinema a atitude do policial, mas vai pra orla da praia fazer exatamente a mesma coisa. E o protesto silencioso das famílias que ficaram sem pais e mães porque, sendo policiais, subiram a favela a trabalho e voltaram sem vida? Isso acontece todo santo dia. Eles também eram trabalhadores. Eles também tinham pai, mãe, cônjuge, filhos. Mas ninguém os divulga. Ninguém protesta por eles. Vida que segue. Você sabe quem é DG e Amarildo, mas não sabe sequer o nome de um desses policiais. Cadê coerência?

Não estou defendendo a ação irresponsável de policiais, mas de uns tempos para cá, a população está com sangue nos olhos e com uma gana de entubar culpa por toda violência do universo nos policiais. Aqueles mesmos policiais que saem de casa todos os dias para garantir a segurança dessa população que quer execrá-los. Muito louco isso.

Enquanto existir esquerda caviar pra proteger bandido, um monte de gente vai sofrer a violência que eu sofri há três semanas atrás. Pena? Pena eu tenho de mim, que trabalho que nem uma condenada pra ter uma arma apontada pra minha nuca ao chegar no trabalho, ter todos os meus pertences roubados e ainda  levar uma porrada na cabeça com a arma, dada por um bandido que, a essa hora, pode estar no churrasco de um traficante qualquer.

Tenho dito.

Pra eu me apaixonar por você

Uma moça postou um texto que tá sendo compartilhado nas redes sociais com o mesmo título desse meu post (Link aqui!) . O post original é fofo, é lindo, mas eu resolvi fazer a minha versão. Um pouco mais realista. Menos novela das 18 horas.

Eu realmente não vou me apaixonar pela sua roupa de marca nem por sua influencia nos lugares que frequenta. Mas não sou hipócrita: Pode trazer a bebida que pisca que eu fico feliz. Não precisa ser Rei do Camarote, mas não, eu sequer vou te conhecer em pleno pistão da Via Show, simplesmente porque não frequento. Devemos, no mínimo, ter os mesmos gostos.

Ao contrário do texto original, eu vou SIM me apaixonar pelo seu rosto e seu corpo. Quero mais é me apaixonar por ambos todos os dias, com a mesma intensidade que me apaixono pela sua educação, pelo seu bom caráter, pela sua inteligência e pelo seu bom humor.

Convenhamos: O que atrai, num primeiro momento, é a beleza. É a beleza que faz com que um rapaz “chegue” numa menina, é a beleza que faz com que essa menina “dê condição” ao rapaz. Se a menina não corresponde ao ideal de beleza do rapaz, ele não vai sequer puxar papo com ela. Se o rapaz não corresponder ao ideal de beleza da menina, ela vai passar batida por ele. Ambos podem estar perdendo a oportunidade de conhecer pessoas legais e desenvolver um papo bacana. Mas não vamos ser hipócritas: O que “apaixona”, de cara, é a beleza, seja lá qual for o seu padrão de beleza. Todavia, é sempre bom lembrar: Beleza atrai, conteúdo convence. Vamos exercitar o cérebro na mesma proporção que glúteos, abdome e pernas, minha gente.

Por falar nisso, eu vou me importar com o tempo que você passa na academia SE você começar a me preterir em face dela. E eu me importo SIM com todas as mulheres com as quais você se relacionou, feias ou bonitas. Quero ter o direito de detestar cada uma delas, mesmo sem tê-las conhecido. Não sou hipócrita, desculpa.

Eu, como a autora do texto original, gosto quando você é gentil, cavalheiro e segura na minha mão até dormir. Mas prefiro dormir com seu corpo colado no meu, após uma noite de sexo, ambos exaustos. Questão de preferência.

Eu amo sua inteligência e, ao contrário do texto original, quero mais que você demonstre sua inteligência o tempo todo. Eu vou me apaixonar se você souber falar e ouvir, mas vou te amar mesmo se você me ouvir pacientemente quando eu estiver com raiva e simplesmente não conseguir calar a boca.

Você pode não saber cozinhar, a gente pede uma pizza. Você pode não saber tocar violão, a gente vai tomar um drink num bar com música ao vivo. Mas eu vou me apaixonar mesmo se você vier lavar a louça da pizza comigo ou trocar o drink no bar com música ao vivo por um boteco com cerveja em garrafa e roda de samba, porque assim você demonstrará que me conhece bem.

E olha: Eu adoro seu cheirinho no meu travesseiro, mas se você usar aquele perfume maravilhoso que você sabe que eu adoro, claro que vou gostar ainda mais.

O que me faz apaixonar é… Sei lá. Não tem um estereótipo. Nada de novela das 18 horas. Nada de conto de fadas. Nada de perfeição de filme romântico de Hollywood. Mas que me renda gargalhadas. Que me suborne com batata frita. Que não tente mudar meu mau humor matinal. Que não me ache linda ao acordar, porque isso é muito fake, mas me ache linda pelo resto do dia. Perfeito. Do jeito que deve ser.

Do anticlímax

an.ti.clí.max (sm)

1. Fato, cena (de filme, peça teatral etc.), situação etc. que frustra a expectativa de um clímax por ser menos relevante, às vezes decepcionante.

Decepcionante. Essa é a palavra que melhor define meu olhar sobre a atual conjuntura das manifestações que ocorrem no Rio de Janeiro. Uma causa nobre como a educação, nobilíssima, muito mais nobre do que aquela primeira causa, a dos 20 centavos.

(Aqui cabe um adendo: Eu realmente imaginei que não fosse por causa dos 20 centavos. Depois consegui enxergar: Era, de fato, pelos 20 centavos. As manifestações não tiveram um foco conjunto após a diminuição da tarifa de ônibus. A indignação sentou no sofá.)

Eu compareci às primeiras manifestações. Aquelas anteriores à “Passeata de 1 milhão”, aquelas em que as pessoas levantavam cartazes pedindo punições severas para os corruptos, pedindo a abertura da CPI da Copa, pedindo justiça. E compareci também à “Passeata de 1 milhão”, onde vi muita gente levantando os mesmos cartazes, mas vi também gente brigando pela ocupação indígena na Aldeia Maracanã (o que sou absolutamente contra) e vi meninas de vestido curto, salto alto e clutch, como se estivessem indo para um grande evento. O que foi, realmente. E foi ali que percebi que o foco estava se esvaindo. Enquanto A gritava pelo fim da corrupção, B gritava por reforma agrária, C gritava pela Aldeia Maracanã, D encarava os PMs e E comprava 2 latas de cerveja a 5 reais no ambulante.

Ainda compareci a uma última manifestação, perto de um Maracanã em dia de final da Copa das Confederações, empunhando um cartaz contra a PEC 33. E deixei de comparecer quando vi três cenas: (1) Um rapaz, mascarado, na linha de frente da manifestação, perguntou do que se tratava a PEC 33; (2) Um grupo de jovens pintados como se fossem índios, fazendo uma teatralização indígena na manifestação e (3) Os manifestantes gritavam a plenos pulmões “Não vai ter Copa!”,

1º: Da PEC 33: A PEC 33 propõe que todas as decisões de mérito do STF que declarem a inconstitucionalidade de algum projeto de Lei, deixariam de possuir imediato efeito vinculante (que nada mais é do que a eficácia sobre todos) e seriam encaminhadas ao Congresso, que passa a ter o direito de se manifestar de forma contrária à decisão. Em suma: O Congresso propõe uma Lei que, caso seja declarada inconstitucional, volta ao próprio Congresso para decidir se é ou não é inconstitucional. Se as decisões do Supremo (Poder Judiciário) tiverem que passar pela aprovação do Congresso (Poder Legislativo), a soberania vai estar nas mãos de um único Poder. Eu briguei contra isso, mas ninguém me deu importância.

2º Da Aldeia Maracanã: Ao contrário do entendimento do Código Civil de 1916 (ou 1914? Sempre confundo… #shame), os índios não são mais relativamente ou absolutamente incapazes. Eles tem sua capacidade determinada por lei específica. Pelo Estatuto do Índio, todo silvícola que não estiver integrado à sociedade, será tutelado pela FUNAI. Já aqueles índios que estiverem integrados à sociedade civil, devem ter os direitos e deveres de qualquer outro cidadão. O índio, depois de integrado à civilização, passa a ser um cidadão como os demais e sua origem indígena passa a não ter influência. Os índios que ocupavam a Aldeia Maracanã usavam celulares, tênis, tinham televisores…. Como se não bastasse para caracterizar sua plena adaptação à sociedade, a mera capacidade de utilização de moeda para compra e venda de bens já caracterizaria. Se os índios podem se integrar à sociedade para usufruir seus benefícios, devem ser capazes também de compreender seus deveres enquanto cidadãos. E um deles, é claro, é o dever de pagar impostos sobre o território urbano ocupado. Pois bem. Se eu trabalho, recebo a contraprestação pela prestação do meu serviço e, com esse valor, pago minhas contas e meus impostos (ainda que contrariada), por quê o índio, totalmente integrado à sociedade, com smartphone na mão, não pode pagar? O que faz dele mais incapaz do que eu? Enfim. A Aldeia Maracanã, no meu ponto de vista, tinha mesmo que ser desocupada. Demorou muito, até.

3º Da Copa e das Olimpíadas: Gritar “Não vai ter Copa!” é uma burrice sem tamanho. Primeiro: Porque vai ter Copa SIM. E vai ter Olimpíadas TAMBÉM. Segundo: Com todo o dinheiro que está sendo gasto para esses eventos (não entrando no mérito da corrupção), é uma imbecilidade chegar nessa altura do campeonato e gritar “Não vai ter Copa!”. Ao invés de buscarem uma solução tão imbecil, os manifestantes deveriam pedir a abertura da CPI da Copa, para analisar todos os processos licitatórios abertos desde então. E punir eventuais irregularidades. Simples, né? Pois é. Mas o povo prefere gritar “Não vai ter Copa!”. Uhú, o Maraca é nosso. Só que não.

A despeito de tudo isso, NADA me deixou mais decepcionada do que ver as manifestações dominadas por grupos que estão lá SOMENTE para incitar a violência. É uma galera sem propósito, sem causa. É a galera que grita “Não vai ter Copa”. que pede impeachment da Dilma, do Cabral e do Paes; como se Temer, Pezão e Adilson Pires fossem resolver alguma coisa. São os Anonymous, os Mídia Ninja, os Black Blocs.

E agora a manifestação em prol da educação e dos professores (que tem todo meu apoio, por representarem uma classe super mal remunerada pelos importantes serviços prestados) tá lá: Um campo de batalha armado porque uns moleques de camisa no rosto ficam encarando e xingando policiais. Eu sei das arbitrariedades que os PMs são capazes de cometer e não estou defendendo nenhum deles. Mas também não vou defender um moleque de 20 e poucos anos, com rosto tampado por camisa, que fica passando pra lá e pra cá na frente do bloqueio policial, xingando-os gratuitamente. Isso é colocar fogo no paiol. Totalmente desnecessário.

Desnecessário é, também, como vi no Facebook hoje, um status convocando os professores a bloquear a saída dos vereadores (Tá aqui, ó: http://www.facebook.com/anonymousrio/posts/611984182185267). Se eu fosse um desses vereadores, chamava a polícia e diria que estava sofrendo em cárcere privado. Então o “manifestante” impede o livre trânsito das pessoas pra depois gritar “sem violência”? Cadê coerência? E ainda postaram uma foto (Também tá aqui, ó: http://www.facebook.com/photo.php?fbid=612084982175187&set=a.263574540359568.104847.231139103603112&type=1) mostrando, orgulhosamente, os “manifestantes” derrubando as grades da rua, aquelas que impediam o acesso de carros, para não causar -ainda mais- caos. Como é que esse pessoal vem gritar “sem violência”, Senhor?

A culpa é nossa, sabe? No fim, a gente (me incluo porque participei dessas primeiras manifestações) é que deu espaço pra Anonymous, Black Blocs, Mídia Ninja e afins. Particularmente, quando eu percebi que o espaço estava totalmente alicerçado por esses grupos, deixei de ir às ruas. A causa perdeu o foco, perdeu o caráter popular, perdeu apoio das massas.

A solução, agora, era começar do zero. Mas -infelizmente- acho que é tarde demais.

Manifestações

Algumas das manifestações que fui (não todas, claro): (1) O cartaz que levei contra o vandalismo, quando a Alerj foi destruída; (2) Deitados no chão, pedindo fim da violência; (3) No meio da “Passeata de 1 milhão”; (4) Meu cartaz na “Passeata de 1 milhão”; (5) A cara de quem levou bomba de gás lacrimogêneo na cara sabe-se lá quantas vezes -e de mãos pro alto, para mostrar que não éramos bandidos-; (6) Manifestação na Alerj e (7) Manifestação a caminho do Maracanã na final da Copa das Confederações.

Por que lutar?

Por que eu continuo indo aos protestos na rua?

Pois é… Por quê? Por quê, se aquela palhaçada de PEC 37 foi rejeitada na Câmara, né? Porquê, se a proposta que fará da corrupção, crime hediondo, foi aprovada? Por quê, afinal de contas?

Eu estou lutando por transparência. Eu quero uma Comissão Especial de Investigação para analisar todos os gastos com Copa e Olimpíadas. Eu quero revisão de todos os contratos de licitação de obras públicas. E eu quero, com urgência, a revisão e reforma da Lei de Licitações Públicas, que dá várias brechas para a corrupção.

Eu estou na rua porque sou a favor da máxima “menos Estado, menos impostos“. Eu sou a favor da redução dos impostos para produtos da cesta básica, para medicamentos e serviços ligados à saúde, para transporte público e para todos os serviços ligados à educação. Eu estou na rua porque acredito no fim do regime de concessão que veda a concorrência e cria monopólios, como no setor de transporte, nos pedágios entre tantos outros. Isso sim me parece justo.

Eu estou na rua porque a PEC 33 é um absurdo sem tamanho. É o tipo de iniciativa que tenta amordaçar o Poder Judiciário, dando poderes plenos e soberanos ao Poder Legislativo e Executivo. Você sabe do que se trata essa PEC, né? Não me decepcione. Enfim, ela diz que todas as decisões de mérito do STF que, por exemplo, versem sobre a inconstitucionalidade de algum projeto de Lei, deixariam de possuir imediato efeito vinculante e eficácia contra todos e seriam encaminhadas ao Congresso, que passa a ter o direito de se manifestar de forma contrária a decisão. Se as decisões do Supremo (Poder Judiciário) tiver que passar pela aprovação do Congresso (Poder Legislativo), minha gente, a soberania vai estar nas mãos de um único poder. Isso é inaceitável.

Eu estou na rua porque a PEC 280 precisa ser aprovada: De autoria do falecido Deputado Clodovil Hernandes (sim, ele mesmo!), a proposta reduz o número atual de Deputados (513!) para, no máximo, 250. Ou seja, uma redução de 43 milhões de reais por mês dos gastos com corruptos. Você acha que não vale a pena lutar por R$ 43.000.000,00?

Eu estou na rua porque acredito em uma Lei de Responsabilidade Fiscal realmente rigorosa, que proíba que o Estado gaste mais do que arrecada e que proíba que o BNDES empreste capital a grandes empresas para comprar outras, afinal, o BNDES é um fundo de capital para utilização em casos de interesse nacional. Qual é o raio do interesse nacional na fusão da Sadia com a Perdigão, por exemplo, minha gente?

Eu estou na rua porque quero medidas concretas e viáveis para solução, a curto e médio prazo, dos milhões de problemas do país. Eu estou gritando um grito engasgado. Um grito de 20 anos de omissão. Se nós permitimos que a corrupção virasse essa bola de neve, cabe a nós detê-la para que faça menos estragos.

“Você pode dizer que sou uma sonhadora. Mas eu não sou a única”.

#CuraGay

Quando eu nasci, era branquela com olhos escuros e cabelo clarinho, clarinho. Quando eu tinha 3 aninhos, meu cabelo já era escuro e todo cacheado. Quando eu tinha 6 anos, descobri que tinha um problema na musculatura ocular que só me permitia enxergar se eu virasse a cabeça para o lado direito. Operei meus olhos ainda criança. Lembro da cotovelada que o Leonardo deu no jogador dos EUA no jogo do dia 4 de julho de 1994: Era meu aniversário nesse dia; Brasil ganhou nesse dia; meu avô faleceu nesse dia.  Ganhei meu primeiro concurso de poesia aos 13 anos. Rolei a escada no meio do cerimonial da minha festa de 15 anos, com vestido longo branco e taça de prosseco na mão. Tomei meu primeiro porre com 16 anos, na primeira vez que viajei sem meus pais. Ganhei meu primeiro salário aos 17 anos. Tirei 2 tumores da tíbia esquerda com 18 anos. Eu fiquei toda encharcada na faculdade depois que um amigo despejou um extintor de incêndio de água em mim, aos 19 anos. Eu tentei escalar o telhado da faculdade que nem Gabriela para buscar meu sapato -que um amigo havia atirado lá-, aos 21 anos. Eu tirei fotos do convite de formatura usando beca e óculos escuros pra disfarçar a ressaca, quando eu tinha 22 anos. Em consequência de tudo isso, eu fui alvo de um abaixo-assinado (da minha própria turma!) para ser expulsa da faculdade, também aos 22 anos. Mas eu sempre fui ótima aluna e passei com nota 10 na temida prova da OAB. Eu me matriculei em nada menos do que 8 academias desde 23 anos (e nunca frequentei por mais de 3 meses). Eu namorei, planejei noivado, comecei a fazer enxoval e joguei tudo pro alto, aos 25 anos. Eu fui a quase todos os jogos do Flamengo em 2009, quando tinha 26 anos (e chorei muito naquela final do Brasileiro). Eu subi no palco e dancei funk com um desconhecido Naldo no meu aniversário de 27 anos. Eu passei a trabalhar num Centro Umbandista quando eu tinha 28 anos. Eu ganhei meu primeiro Carnaval com a minha Vila Isabel aos 29 anos (e chorei muito). E cá estou eu, prestes a completar 30 anos.

Eu tenho uma vida que não é igual à sua. Mas é tão normal que até poderia ser a vida de alguns dos meus amigos heterossexuais. Poderia ser a vida de outros tantos amigos homossexuais que eu tenho. Poderia até ser igual à sua vida. E você sabe por quê? Porque a opção sexual não me difere de ninguém. O que me difere é o caráter.

Essa sou eu, Christiane Leite, muito prazer. Brasileira, carioca, flamenguista, advogada, três vezes pós-graduada, heterossexual, branquela, baixinha e umbandista. E a #CuraGay não me representa.

Impeachment da Dilma

Eu disse no Facebook que não escreveria sobre isso, de tão boba que é essa idéia. Mas não me contive. Eu sou dessas que precisa expôr os argumentos para aquilo que defende (e para o que não defende também). E eu NÃO sou a favor do impeachment da Dilma.

O Partido dos Trabalhadores está na Presidência da República há 10 anos. Está porque você (sim, você, sociedade!) elegeu. O Partido dos Trabalhadores tem o maior número de Deputados Estaduais do país, com 149 deputados eleitos por você, sociedade. O Partido dos Trabalhadores tem 88 Deputados Federais eleitos por você, sociedade, o que também é o maior número do país. O Partido dos Trabalhadores tem uma bancada de 14 senadores escolhidos por você, sociedade. O Partido dos Trabalhadores, nesse Brasilzão, tem 5 governadores, 635 prefeitos, 5067 vereadores. O Partido dos Trabalhadores ocupa 39 cadeiras ministeriais.

A bancada governista da presidente Dilma detém a maioria esmagadora no Congresso Federal: 75% (388/513). A bancada governista da presidente Dilma detém a maioria esmagadora no Senado Federal: 66% (54/81). Dilma detém um índice de fidelidade nas duas bancadas superior a 90% das votações.

E vocês ainda pensam, realmente, que o problema é a Dilma?

Não, sociedade. O problema primordial é SABER votar. Não é ir pra urna com ódio no coração por estar indo eleger um representante num domingão ensolarado, ao invés de estar na praia bebendo vodca ou água de côco (pra mim tanto faz). Você tem que saber a plataforma de governo e o posicionamento ideológico das pessoas que você está escolhendo para te representar no poder. Você precisa entender alianças politico-partidárias. Você precisa votar com consciência e não como mera obrigação.

Segundo, mas não menos importante: A Dilma é só o topo da pirâmide. A Dilma é só uma peça da maioria esmagadora dos representantes políticos do nosso país. A estrutura governamental do país está enraizada sob alicerces que, ainda que a Dilma caia, não irão ser abalados. Do que adianta derrubar Dilma se existem Dirceus, Calheiros, Genoínos, Costa Netos etc? O buraco é muito mais embaixo. Só não enxerga quem não quer.

A beleza das manifestações que têm ocorrido no Brasil é justamente a união de pessoas -jovens, coroas, estudantes, profissionais liberais, brancos, negros, gays, heterossexuais- em prol de um bem comum. Pessoas diferentes, com diferentes ideologias, diferentes opções, porém, cansadas de passividade. Pessoas comuns, como eu e como você, querendo mudar o Brasil. Mudar pra melhor.

Não permitamos que essa manifestação popular adquira um caráter partidário. Vamos manter essa coisa bonita de se ver, Brasil. Esse futuro mais bacana que NÓS estamos construindo.

Homofobia não me representa

O assunto tá batido e já deveria ter se esgotado. Nem deveria ser polêmica. Mas a hipocrisia me irrita. Não, a hipocrisia me enoja. Então, esse texto não é para os homofóbicos: É para os que dizem que não são.

A sociedade, em geral, tem uma mania de dizer “o Brasil já foi preconceituoso”, como se hoje fosse um país de todos que, por conta da diversidade cultural, não tem qualquer tipo de intolerância. Daí a gente ouve, diariamente, pérolas do tipo “Ah, eu respeito os gays, só não aceito. Inclusive tenho amigos gays, não sou homofóbico!” ou “O que eu vou dizer aos meus filhos quando eles virem dois homens se beijando?”.

Primeiramente, cabe frisar que RESPEITO é aquilo que somos ensinados a ter por todas as pessoas. E somos ensinados pelos nossos pais, pela escola, pela mesma sociedade que se auto-proclama livre de preconceitos. Mas o respeito vai além do “bom dia”, do “muito obrigado” e do “por favor”. Estou falando de respeito no sentido concreto. Respeito é bom e todo mundo gosta. E deveria ser distribuído indiscriminadamente a todos os homens desse mundo.

Respeito não é “aceitação”. Quando você aceita algo, você concorda em viver certa situação resignadamente, sem intenção de mudá-la. Ao contrário, se você não aceita, você tem a intenção de mudar aquela situação. Então, ilumine-me com sua resposta: Quem é você para pensar que pode mudar a orientação sexual de alguém (ou de todos) a seu bel-prazer? Quem é você para aceitar (ou não) o livre arbítrio de outra pessoa? Quem lhe nomeou Deus supremo, detentor das verdades absolutas e universais?

E não venha me dizer que tem amigos gays. Não me envergonhe.

Eu sou daquelas amigas que primeiro chegam dando uma voadora apoiando quem eu gosto para, depois (ou não), procurar saber se meu amigo estava certo ou errado em uma discussão. Eu não sou imparcial com as pessoas que gosto, confesso: Eu primeiro compro a briga, depois eu procuro ver o lado correto. Então, se você diz que não aceita a homossexualidade, mas tem amigos gays… Francamente, hein? Seu conceito de amizade é estranho demais pra minha compreensão.

Por fim, mas não menos importante: Um casal se beijando tipo novela das oito, no meio da rua, é constrangedor, eu concordo. Seja este casal homossexual ou heterossexual. Portanto, se meu filho se deparar com dois homens (ou duas mulheres) se beijando na rua e perguntar “como assim?”, eu não hesitaria em dar a resposta mais lógica possível: Estão se beijando porque se amam. A criança não tem a malícia do adulto. Se as pessoas se amam (sejam homens, mulheres, cachorros, papagaios, E.T.s), é razoável que se beijem. A criança não vai pensar que isso é um absurdo, que é contra a natureza do ser humano, que é contra Bíblia, que é contra, contra, contra… Criança entende mais de amor do que o adulto!

Difícil mesmo é explicar pra criança por que as pessoas entram em guerra. Por que uma mãe abandona um bebê recém-nascido no lixo. Por que as pessoas roubam, matam e enganam umas às outras. Difícil é explicar para uma criança por que aquele cara lá na televisão tá falando que “depois da união entre homossexuais, virá a adoção de crianças por parceiros gays e a destruição da família” se o amiguinho dele da escola tem 2 pais, é muito feliz, ama ambos e –pasmem!- é tão normal quanto qualquer outra criança.

A intolerância e o preconceito foram responsáveis por massacres. Marcaram a história com sangue e lágrimas. Já está mais do que na hora da nossa sociedade abandonar essa hipocrisia besta de “somos todos iguais” e assumir que é preconceituosa. Só assim poderemos lutar contra o preconceito: Admitindo que ele existe, ao invés de fechar os olhos. Daí, quem sabe, nossos filhos poderão admitir que somos brancos, negros, amarelos, rosas de pintinhas azuis, homossexuais, heterossexuais, assexuados, católicos, budistas, evangélicos, espíritas, ateus e, ainda assim, somos todos iguais.

Dia Internacional da Mulher

Não é querer bancar a feminista, ativista do FEMEN ou o que quer que seja, mas acho esse lance de “Dia Internacional da Mulher” uma baita disparidade para quem quer defender a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Vá lá que o intuito do dia, na época que foi “proclamado” (e aclamado) é totalmente válido: Naquela época, a população feminina era tratada diferentemente da população masculina, não só nos costumes sociais, mas também em Leis e direitos daí advindos.

E então vieram as bruxas queimadas em fogueiras, vieram as sufragistas reinvidicando um lugar no destino político do país, vieram as feministas queimando sutiãs. E pronto: Legalmente, as mulheres passaram a ser tratadas como os homens. O texto constitucional diz: “Todos são iguais perante a Lei” e isso independe de sexo, cor ou qualquer outro fator. Existe o respaldo legal e qualquer tratamento diferenciado deve ser passível de cominações legais. Assim, ainda que, em algumas situações, a Lei não se faça valer, ela está lá para ser cumprida. Ao contrário do que acontecia antigamente.

Por isso mesmo eu sou contra o bafafá em torno do “Dia Internacional da Mulher”: As nossas antepassadas lutaram tanto pela igualdade de sexos, que, hoje, é incrível que ainda exista um dia especial para as mulheres. No mesmo sentido, acho que não deveria existir “Dia da Consciência Negra” (afinal, brancos/pardos/asiáticos/latinos não devem ser conscientizados?). Um dia de comemoração para sexo feminino só ratifica uma diferenciação entre os sexos. E, enquanto nós, mulheres, continuarmos a comemorar tal dia como “diferentes”, a igualdade continuará a ser muito bonita. Porém, só na teoria.

Bom mesmo será o dia em que homens, mulheres, altos, baixos, brancos, negros, amarelos, roxos de bolinhas verdes, umbandistas, evangélicos, muçulmanos, católicos, budistas, ateus, que façam sexo com homens, que façam sexo com mulheres, que façam sexo com árvores e que não façam sexo deixem de ser rotulados. Somos todos iguais, bicho.

Parece clichê. E é.

Não resista ao clichê.

Crise dos 30

Christiane, pára de show. Fazer 30 anos é uma idade como outra qualquer.“.

Não é. Não venham os pós-trinta me dizerem que é normal, porque NÃO é. E nem venham me dizer que “30 is the new 20“, porque também não é.

Aos 20 anos eu estava na faculdade, fazendo besteira, sem muitas responsabilidades e com uma expectativa de anos e anos futuros para me estabelecer em todos os âmbitos da vida. Aos 30 anos eu sou dona dos meus atos, tenho as minhas responsabilidades e ainda não me estabeleci em todos os âmbitos da vida.

Aos 20 anos eu achava que teria passado num baita concurso público, que estaria casada e com filhos, que estaria rica, que meu passaporte mostraria que andei viajando pelo mundo todo. Aos 30 eu mal tenho tempo para estudar direito para algum concurso, não estou casada, não tenho filhos, tô longe de ser rica e nem tenho passaporte.

Aos 20 anos eu achava que aos 30 eu não teria mais nada para criar na vida: Só vivê-la. Aos 30, eu vejo que ainda nem comecei a viver direito.

Aos 30 anos, eu me sinto no limbo: Sou muito velha para algumas coisas, sou muito nova para outras. Sou velha demais para jogar pique-bandeira, mas sou nova demais pra jogar dominó na praça com os aposentados. Sou velha demais para entrar numa escola de balé, mas sou nova demais para entrar num curso de tricô. Sou velha demais para escrever diários, mas sou nova demais para escrever minha autobiografia. Sou velha demais para ir ao parque de diversão, mas sou jovem demais para olhar de fora os outros se divertirem. Sou velha demais para ficar planejando o futuro ao invés de vivê-lo, mas sou nova demais para temer o futuro, ao invés de aguardá-lo.

Eu estou em crise. Até fazer 30 anos, eu vou ficar remoendo tudo o que eu esperava ser aos 30 e ainda não sou. Quem sabe, depois dos 30, isso passa e eu perceba que perdi tempo, sofrendo por patavinas. Mas até lá, eu vou continuar em crise. E contando que esse 4 de julho demore bastante a chegar.

Minha carne é de Carnaval…

… Meu coração é igual.

E é nessa época pré-Carnaval que meu coração vai começando a bater mais aceleradamente. E eu já informo aos navegantes que vou ficar, sim, muito ausente. Até a quarta-feira de cinzas, estarei totalmente focada no Carnaval e no “Projeto Madrinha de Bateria 2013”. Porque, afinal, como disse um amigo meu, “Christiane é o samba”.

Carnaval

Um pouco (muito pouco) do Carnaval 2012: 1- Desfile da MINHA Unidos de Vila Isabel; 2- A fantasia tamanho P no desfile da União da Ilha; 3- Meus fechamentos VIPs no Bola Preta e 4- Meus fechamentos-mor no Bloco da Preta

E a tendência é que o Carnaval desse ano seja ainda melhor.

Como não ficar na expectativa?

Beijos e até o pós-Carnaval!